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culturalinguagem (poema)

  • Foto do escritor: Laís Comini
    Laís Comini
  • 20 de fev.
  • 1 min de leitura

























No âmago da alma humana,

pulsa um ritmo labiríntico,

Um instinto de destruição,

ecoando no reflexo narcísico,

Neurótico, ansioso,

em pulsão inquieta e inconsciente,

A transgredir as molduras,

a dilacerar o concreto latente.

Mas na vastidão da mente,

um campo fecundo se revela,

Onde a cultura floresce,

na linguagem que nos interpela,

A linguagem,

tecelã de símbolos e significantes,

Ergue pontes sobre abismos,

desenha cidades fulgurantes.

Em cada palavra proferida,

em cada verso insculpido,

Uma sociedade se forma,

um pacto simbólico estabelecido,

O humano se constrói no espelho do Outro,

em alteridade,

Num diálogo incessante, na busca por identidade.

A cultura, como um manto simbólico que a todos envolve,

transfigura o caos pulsional interno,

canalizando o instinto através da ordem simbólica.

Pelas artes,

pelas leis,

pelos mitos

e pela ciência,

nascem vias sublimes onde a existência humana se desvela e se articula.

O instinto destrutivo,

que dilacera e consome,

É domado pela palavra,

na poesia encontra seu nome,

A linguagem cura, revela, edifica,

Em seu manto simbólico, o ser humano se complica.

No teatro da vida, onde o desejo se encena,

O neurótico busca na cultura sua trilha serena,

A destruição se transmuta em criação,

A dor se sublima e esvaziando em canção.

Lacan, com seus enigmas, nos ensina a ver,

O sujeito dividido, a falar, a padecer,

Na Ordem Simbólica, a falta a ser preenchida,

Pela linguagem que une, pela cultura urdida.

E assim, a sociedade, em sua trama infinita,

É construída e destruída, numa dança bendita,

Pela fala que salva, pelo verbo que guia,

O ser humano se defronta, na noite e no dia.

 
 
 

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